sexta-feira, 12 de outubro de 2018

terça-feira, 12 de junho de 2018

Invasão


   A Invasão                                  



   O sonho era leve, sentia-se  voando como num filme de Spielberg,  estava no ar, não tinha certeza, mas sabia que era como se estivesse flutuando, no alto ao som do “Tao de amor”.
   Para teorias psicanalíticas, os sonhos são importantes para entendimento psicológico, ajustes, freios necessários do caráter, ajuda no emocional. Esclarece sobre muitas coisas. Quem somos, quem podemos ser se aprendemos a dominar as nossas más tendências.  
 Qualquer sonho é importante, eles faziam parte do seu cotidiano noturno. Orientada pela psicologa,  há quatro anos que vem anotando os sonhos e compartilhando seus significados com a terapeuta. De qualquer  maneira o que quer que estivesse  sonhando era leve e agradável. Quando, ouviu uma música, e, ainda no sonho foi se transportando para a melodia. Diferente, não conseguia  reconhecer  aquela música. A melodia era dançante e a letra não conseguia discernir. Até que foi se tornando mais forte mas, mesmo assim, desconhecida.

   Acordou. O som parecia muito alto um rock desconhecido, uma boa batida mas estava  incomodando. Será porque ela não estava mais no mundo dos sonhos? Pensou: Uma serenata? A realidade. Na cidade grande as pessoas não fazem serenatas. Começou a ordenar os lugares prováveis de onde aquele som poderia vir, descartou os botecos pois perto de onde morava não haviam. O som era alto demais, era perto de casa. Acendeu a luz do abajur, olhou o relógio, uma hora da manhã. A música mudou, já não era mais desconhecida, tampouco agradável, é difícil achar alguma música boa quando se é acordado no meio da noite, num volume tão alto, e aquela nova música por si só  já era motivo de irritação na época do carnaval, imagine fora de época. Ficou deitada na cama esperando o sono voltar.
   
    Que pena que o tempo entre estar num sonho agradável e o acordar seja tão fugaz. Lembrou-se das serenatas que ouvira quando criança, endereçadas à irmã mais velha, músicas românticas, num volume razoável. Erasmo Carlos cantando, Sentado a beira do caminho”, Dio Come ti amo, Roberta e tantas outras, que davam prazer poder recordar-se da infância cheia de  cantoria  numa pequena cidade do interior. Era o passado.
    O lugar onde morava, subúrbio de cidade grande, um condomínio tranquilo, com poucas residências e seus vizinhos eram pessoas educadas, bem informadas e outros etcs. O pessoal que fez a opção de criar seus filhos mais entrosados com a natureza, onde pela manhã se acorda com o canto dos pássaros e se pode andar descalço, pescar siris e tomar banho de rio. Ali não era o interior, da sua infância onde, jovens varões esperavam as luzes da cidade se apagarem para se tornarem trovadores e agradarem as suas amadas. Onde ainda, mesmo com a nova iluminação da pública, em que as luzes das ruas continuam acesas noite adentro, alguns ainda continuam com os velhos costumes de pegarem galinhas nos quintais alheios, para depois comê-las assadas no meio da noite entre um bolero e uma balada. 

Olodum tá hippie, Olodum tá pop
Olodum tá reggae, Olodum tá rock
O Olodum pirou de vez

    Pediu a Deus que a livrasse daquele barulho. Já não tinha mais sono. Levantou-se, abriu a janela e viu que um vizinho de rua, fazia churrasco com amigos.
Naquela hora, quis ser, aquele tipo e pessoa que os outros chamam de chata, para poder chegar na casa daquele vizinho e pedir para abaixarem o som, mas sabia que não tomaria tal atitude. Saiu do quarto, foi espiar no quarto das crianças, mas nem precisou entrar, encontrou o mais velho na cozinha bebendo água.                                                                          
    - Mamãe! Onde é a festa?     
    - Na casa de Ronaldo, vá dormir tem de acordar cedo. Abriu a geladeira, encheu um copo de água e bebeu. Voltou paro o quarto. Deitada no escuro lembrou-se que, nas raras ocasiões em que recebiam amigos em casa, faziam questão de depois de determinado horário, ouvirem músicas suaves, ainda  assim com o volume baixo, nada que pudesse incomodar a vizinhança.

Requebra  requebra  requebra assim   
Pode falar pode rir de mim.(4vezes)                                                                                              Requebra até no chão
Embaixo, embaixo, embaixo  ôôô
Em cima em cima em cima em cima ôôô (bis)                                                                                        Vão lá mainha ( solo)   

    Além do volume alto, ainda faziam questão de repetir a música. E pensar que ela apenas queria poder dormir sossegada. Ouvia vozes falando alto, risadas. Porque seria que as pessoas não se dignavam a pensar no direito dos outros?  O silêncio é um direito básico da vida em sociedade. Mas a nossa parece sem noção.
Momentâneo silencio para a próxima. 

Vamos abrir a roda
Enlarguecer   ( bis)                                                                                                             
Tá ficando apertadinha, por favor
Abre a rodinha, por favor
Abre a rodinha, por favor
Abre a rodinha

    Mais uma vez, levantou-se da cama, saiu do quarto foi procurar um livro para ler, não estava interessada em duelos musicais mas, não conseguia dormir. Francamente, detestava aquele tipo de música, aquela não era hora para se tocar nada. Na sala o barulho era mais alto ainda do que no quarto, continuava a repetição, tinham de ouvir de novo, se é que se pode ouvir esse tipo de música. Pensou venenosa: realmente o gosto musical da terra está descendo a ladeira. 

Se o amor                                                                                                                                          
Ficará na lembrança  
Desse povo trazido da África.

    Essa veio com força, parecia um grito de vingança ritmado; vamos exaltar o povo guerreiro da África no carnaval.  
    - Prometo a mim mesma deixar a intolerância tomar conta do meu coração. Pensar que estou perdendo o meu precioso sono por causa disso? É demais! Só pode ser castigo. Pensou retornando à sua antiga mania de perseguição. Desiste. Não consegue ler nada mesmo. Levanta, vagueia pela casa, chega até a área de serviço e, grande é a sua surpresa quando percebe que ali, como é parte de trás da casa, o som é distante. Entra no quarto de empregada, fecha a porta, nada, nenhum som. Sai, vai até o banheiro e pega no armário um travesseiro fronha e lençóis, volta para o quarto vazio que só serve para guardar algumas coisas e que está relativamente limpo. Arruma a cama, fecha a porta e apaga a luz. Já não se ouve mais música alguma.
Silêncio.
Um cachorro latiu em algum lugar.
Um som natural, fazia parte da noite.
Fechou os olhos e tentou dormir. 

ô....ô...ô....ô....ô...ô....    
Cantar reggae todo dia                                                  
Pelas ruas  da Bahia

Continuou lá fora, inclemente.                                                                                                          
                                                                                                         
                                                          L. de Freitas, abril de 1992

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Desilusão

                   

        A primeira vez que vi Lula, ao vivo.
Noite de outubro de 1980, no congresso da UNE em Piracicaba, estádio de futebol onde eu e uma amiga esperamos até às quatro horas da madrugada para assistir ao discurso do Lula. E, quando ele subiu no palco e começou a falar, fiquei chocada! Pareceu aos meus ouvidos, a combinação de uma voz desagradável; algo de uma esperteza rouca exalando escrota, coitadismo e bravata.
Bateu decepção na hora.
Reclamei;
— Parecidíssimo com fulano.  A amiga não gostou, eu reclamava.
— Meu Deus! Esperar até 04;00 hs. da manhã, pra ver esse homem?
Naqueles dias, estava feliz por estar participando do congraçamento, viajamos de ônibus de Salvador até Piracicaba, cantamos tanto que chegamos roucas, dormimos todos numa sala de aula, muita animação e muita informação.
“Gente jovem reunida!” Muito legal. 
As discussões eram enfadonhas, mas é bom encontrar com gente da nossa idade de outros estados, ainda tenho guardados, cartazes desse congresso, quem quiser comprar estão a venda.
O melhor de tudo é que não consigo lembrar; porque tantas reuniões com discussões intermináveis, sobre a ditadura, sobre ideologia, sobre o que era bom para vida dos outros, sem qualquer senso prático do viver, é como se fossemos merecedores por pensarmos que pensávamos alguma coisa.
Como nós do DA. de direito não havíamos feito eleição para delegados para  o congresso, só podíamos assistir, regras da une, não votávamos, uma única reunião tive direito a voto por ser membro do DA de direito. Que maravilha é a juventude. Toda aquela encenação para escolherem um presidente e a maioria dos jovens que ali estavam não votaram
Por essas e outras, foi caindo a ficha em relação a política estudantil, eu lá estava por causa da interação com os meus colegas da faculdade eu os via como amigos do coração, isso era importante o contato humano e conhecer gente, quem sabe? pensa como a gente. E fazia parte do primeiro FA da fac.de direito,  que não era o preferido da diretoria da escola.  E o segundo congresso da Une depois da ditadura era um lugar muito bom para se estar.
Devo lembrar que foi ACM quem facilitou o 1º cong. De reconstrução da  UNE em 1979 em Salvador, oferecendo o centro de convenções para sua realização. Também estive lá.     
A primeira vez que vi Lula ao vivo. Não sabia como, agora eu sei. Eu vi Lula nu. Parecia que a sua voz maligna encantava a juventude da qual eu fazia parte. Muito parecido com um conhecido nosso. Não parei para pensar que só eu, ao vê-lo, tive a sensação desagradável, a amiga não gostou do meu comentário e fui excluída da sua companhia. 
E assim; na ultima noite da minha epopeia de estar num congresso da UNE em 1980, sozinha, sem amigos, os colegas estavam com suas turmas, eu não tinha turma para me encaixar, especialmente, depois que comentei a decepção ao ver Lula, foi o divisor de águas, o sentimento já fraco que eu tinha sobre as ideologias de esquerda esvaiu-se no desencadear do discurso dele, algo que hoje algumas pessoas já sabem, mas em 1980, éramos jovens idealistas querendo derrubar a ditadura.
Nunca me rendi às tendências políticas, ainda que outros me vissem como jovem idealista promissora. Eu era inflamada queria participar, mas achava os discursos fracos, o que me interessou foi das tendências foi libelu, talvez porque tenha tido uma conversa interessante com um estudante de economia que eu e Harley conhecemos; uma reunião secreta numa sala da coordenação da escola ás 22 horas. Gostávamos das pessoas mas não da ideologia política delas, nem de viração, nem de nova ação, nem de sangue novo, nem do pcdob nem dos radicais malucos que conheci do jornal hora do povo na CPT. Talvez por isso conseguimos montar uma chapa, ganhar, organizar e ficar no D.A, por dois anos sem estar aliados à tendências políticas estudantis.
Quando entramos para o DA com a chapa Processo em 1978, além de conseguirmos passar para os nossos colegas o sentimento de interação uns com os outros, conseguirmos colocar de volta no pátio da lanchonete as cadeiras e mesas para que  pudéssemos sentar e as mesas de ping pong e pebolim que estavam guardadas desde 1968.  E foi bom descobrir que além das duas salas na parte central perto da lanchonete, tínhamos um auditório, uma sala no 2º andar e o mais importante um mimeógrafo.   
 Eu achava muito bom estar reunida com grupos conversar sobre ideologia, mas  nunca me envolvi. Eu sempre discordava especialmente quando se referia a ausência de Deus. Reconheço, devo ter sido bem inconveniente.
Na ultima noite do congresso, já estava cansada das tais  reuniões para montar chapa de direção da une. Aliás, esquerdista adora organizar grupos de discussão.
Estávamos num ginásio de esportes; cansada e com sono, num determina- do momento, deitei na arquibancada e tirei um cochilo, acordei com alguém perguntando se podia sentar, levantei. Era um rapaz muito bonito, louro de cabelos esvoaçantes sentou e começou a falar que eu era bonita, que estava sozinha, que era a ultima noite. O tipo lourinho lindinho da titia, aquela figura devia dormir de toca na cabeça.
Olhei-o nos olhos, cara de tédio.
— Sai fora, não gosto de meninos.   
Ele olhou pra mim, cara de espanto, mas continuou sentado olhando pra mim e disse:
— Que papo velho. Vou ficar aqui lhe fazendo companhia, está frio, quem sabe?
Olhei pra ele maligna, levantei e fui andando para o meio do salão,  alta madrugada e não havia muita gente, queria ver como seria escolhido um novo presidente da UNE. Vi uma mesa com algumas cadeiras afastada do centro do salão me dirigi até ela, aproveitei e tentei cochilar com a cabeça na mesa, depois cansei da posição e literalmente, deitei na mesa e apaguei. Acordei com vozes próximas.
Um grupo de rapazes cabeludos estavam sentando nas cadeiras, entre eles DM, fixei esse grupo pois tinha um cara com cara de David Gilmour, só que todas as vezes que vi esses jovens, pareciam estar todos chapados, e aquela noite não parecia diferente, acho que alguns falaram comigo, mas só devo ter olhado. Levantei e fiquei sentada na ponta da mesa de costas pra eles.  
Lá pra 5 horas da manhã, quando se ouviu que Aldo Rabelo era o presidente da UNE, ao vê-lo com o braços levantado e um punho fechado sai do mormaço da mesa, e gritei;  Heil Hitler!
Eles se assustaram e depois zoaram, eu ri olhei para o grupo, fixei os olhos no cabeludo que parecia David Gilmour, ele também olhou pra mim olhar curioso, embaçado de sono. Pensei: Finalmente, encontrei a minha turma.
Levantei dei adeus pra eles e fui embora, o congresso havia acabado, restava ir pegar a minha mochila e o ônibus de volta pra Salvador. 


Algum dia de outubro de 1994

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Cindy

         







A querida Cindy vai fazer 15 anos. Ela nasceu em nossa casa filha de Dolf, um mestiço de dálmata que o Juninho, encontrou no rio, sujo e ferido. Entrou na sala, deitou no canto e deu trabalho para sair. Depois que tomou banho vimos às marcas das feridas longitudinais no dorso. E Dara uma vira lata que latiu no portão, S e M a deixaram entrar, eles abriram e ela entrou, simples assim, deram comida cheios de compaixão e  ela se achegou a casa.     
Dolf tinha sarna crônica e Dara era alérgica a grama. Dessa união nasceram 7 cachorrinhos lindos e amáveis, entre eles Cindy, também alérgica a grama. A minha mãe a queria para levar para o interior, e como não levou, ficou conosco. Sempre alegre e delicada, ainda que rosnasse para Dara quando estava na puberdade, talvez as cadelas também tenham seu tempo de afirmação no mundo, se sentirem alfas.
Os machos permanecem mais tempo se impondo uns aos outros, mas as fêmeas vão se apaziguando. Cindy pariu uma única vez sete lindos filhotes e sempre foi delicada e feliz. Depois vasectomizamos os machos. O maridinho achava que eles deviam continuar tendo orgasmo, o que não aconselho, pois continuam dando muito trabalho e se for um vira lata danado, ele cava o chão por baixo da cerca e vai atrás do cheiro.
Agora a nossa Cindy, que já perdeu as mamas e útero contaminados com nódulos malignos, está idosa e cega, ouve pouco e sempre requisitando uma ajuda especialmente no meio da noite. Em 2010, depois da última cirurgia de retirada de um enorme tumor. Decidi que ela deveria comer comida, passei a cozinhar, carne moída com verduras e arroz integral, parece que isso ajudou pois os nódulos que existiam nas costas diminuíram de tamanho hoje parecem pequenas verrugas, a tal alergia a grama desapareceu, seu  pelo está bonito e desde então ela não fez mais cirurgias. Obs: O arroz integral pode ser trocado por arroz parboilizado dependendo de como o intestino do animal funciona. 
A velhice é uma fase difícil não só para os humanos. Para os animais parece ser trágica, pois alguns de nós os expulsa de casa deixando-os ao desabrigo, numa amargura de ver-se só na rua sem saber o que aconteceu com a sua vida.
A cegueira torna difícil a locomoção, especialmente numa casa que tem um grande jardim e ela está sempre trombando em plantas paredes e portas, o que faz com que os olhos pareçam estar inflamados.  Hoje vi o quanto é difícil para um animal cego á mudança de hábito. Ela sabe onde está a água, onde fica a comida e onde fazer xixi, onde está a comida dos outros cachorros. Com dificuldade dos membros endurecidos, nem sempre ela consegue sair de casa a tempo de chegar ao jardim, e assim mudei  sua almofada  de lugar, já não fica na sala e sim na área de serviço pois é mais perto da porta, assim essa parte da casa tem cheiro de xixi de cachorro, limpamos mas sempre fica um cheirinho, não importa, ela é prioridade e eu tenho de cuidar muito bem.          
A comida de Hollyfield, o gato, é um caso especial, dá pra ver que Cindy não ouve quase nada, mas consegue ouvir os grãozinhos de ração caindo na vasilha, portanto é comum cinco minutos depois que se coloca a comida de Holly ela se levanta e vai atrás. Talvez seja um som diferente e ela pode captar.
O que é se faz quando sua cachorra faz cocô naturalmente na almofada onde está dormindo? E continua dormindo. Afasto-a delicadamente, pego o tapete que coloco em cima da almofada e levo para o sanitário, como é um cocô sadio se solta fácil caindo no vaso, dou descarga e levo o tapete para o jardim pois tenho de lavá-lo no outro dia, coloco fralda nela que volta a dormir. Ela merece.     
Me toca o coração quando vejo sua aflição ao sair de casa e o xixi escorrendo, é claro que me incomodo, não primo por gentileza e compreensão o tempo todo e certas hora me vejo carregando-a rapidinho para o jardim por pura falta de paciência. Mas me coloco sim no seu lugar e imagino como seria eu cega e meio surda sem conseguir captar uma voz que indique referência de direção. Ainda que seja um animal, é um ser vivo vivendo na escuridão e no silêncio fazendo que esteja num mundo aparte numa dependência total de mãos gentis. — Decrépita como todos nós podemos ser um dia.   
Ela passou três dias dormindo na garagem pois o piso de cimento não é liso ela não escorrega ao levantar, mas isso não impediu que eu me levantasse no meio da noite para ver se ela está embrulhada, já que na garagem faz frio. Como essa experiência resultou em almofada molhada, eu a trouxe de novo para dentro de casa, mais uma tentativa dela dormir de fralda.  
E como também acontece conosco – humanos – ela trocou o dia pela noite e assim das 23;30 hs. ela está sempre me requisitando, seja para fazer xixi em que tenho de levá-la mesmo de fralda para fazer xixi, ela faz na fralda e continua de fralda e levo-a de volta para a almofada, e assim uma hora depois. Já aconteceu de eu levantar 12 vezes numa só noite, e realmente é um incomodo muito grande quando se perde o sono, especialmente porque não consigo dormir de dia. É claro que me irrito. Mas depois penso, será que é uma prova de vida? Esse pensamento ajuda racionalizar o momento, mas depois de um ano de farra noturna hoje em dia, depois do primeiro xixi, se ela requisita eu espero ela chamar pela décima vez, o que significa que ela se afastou da almofada, tirou a fralda e fez pipi no chão, e está reclamando para que a tire do chão frio. E assim mais uma vez levanto e vou limpar, e arrumar ela de novo na almofada deixá-la quentinha, quem sabe assim ela me deixa dormir mais um pouco?        
Agora, por mais trabalho que dê, acho uma falta completa de noção, quando alguém dá a sugestão para que pratiquemos eutanásia em um animal cria da nossa casa, para que eles não sofram.
Ela só está idosa, ela come bem, não está doente nem sente dores, ela dorme o tempo todo, aliás ela sempre gostou de dormir.
Será que no dia em que estiver idosa, meus filhos vão mandar fazer eutanásia de mim? Espero não viver para ver isso.

                                                       2 de setembro de 2016 


P.S. A querida Cindy foi embora dormindo suavemente no dia 3 de  maio de 2017.