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Da série:
Por que guardei, tanto
tempo o meu trabalho?
Resquícios de
esquerdismo lido e não gostado, usando o pensamento para não crescer.
Olho da janela
Os pássaros não cantam
No jardim, o gramado não
está verde
A garota do pão não vem
O lagarto parece esfomeado
O som está alto
E nem ao menos é um rock
Alguém espia da porta
Um olhar curioso, penetra
no escritório
Um cachorro gane
Quero levantar
Mas.......
Meus pés não querem
obedecer
Muito menos, algum esforço
fazer
Vou ficando por aqui
Sentada, inerte
vendo uma mosca pousar,
na ferida aberta acima do
meu joelho.
Uma que vem é caminho
aberto,
para que outra que passava
por ali, aterrissou na borda da ferida,
na minha perna.
O incomodo
Pequenas patas na minha
pele
Nenhuma irritação
Apenas um leve
formigamento
As patas das moscas não
pesam
O tempo escurece
Quero ir ao banheiro
Meus pés continuam inertes
Talvez, se eu der beliscão
neles
propositadamente erro
Acerto na ferida
Uma mosca é morta
Misturando-se com o
líquido quase vermelho que cobre a
ferida
Sinto pena da mosca
Começa a chover
Um pingo de chuva
cai no meu pé
Ele reage
Eu não sei
Se é uma reação
natural
Por causa da
água fria
Preciso mandar
consertar essa goteira
Molho a ponta do
dedo,
E deixo cair uma gota de água na ferida
E mais outra, mais e
mais gotas de chuva
Vão caindo da minha
mão
O líquido rosáceo levando a mosca
morta
Começa a escorrer
sobre a minha perna
Agora. Acho que vou
levantar
Alguém grita meu
nome
Já não tenho
desculpas
É quase a hora do
almoço
Que ainda nem
preparei
Tenho de sair dessa
cadeira
Mas antes
Vou limpar essa
ferida.
Lou W.
A falta de revisão é a cara
da esquerda.
Algum dia de maio de 1993